FUNDAÇÃO DE ARAÇATUBA - (2º. Celio Pinheiro/Odete Costa)


INICIADORES E "FUNDADORES"

Célio Pinheiro/Odete Costa
Desde há décadas é cultivado o conceito de "fundador" de Araçatuba Fundador de uma cidade é a pessoa que tem, ou por premeditação, ou por circunstâncias fortuitas, a decisão de ir a um determinado lugar e ali criar um lugarejo que se expandirá depois, em uma cidade. É o que se chama em latim de "animus faciendi". isto é, vontade de fazer a cidade.

Isto não ocorreu em Araçatuba; aliás, com nenhuma cidade da região, à exceção de Ilha Solteira, fundada pela CESP - Centrais Elétricas de São Paulo para pouso e existência dos trabalhadores no complexo hidroelétrico de Jupiá-Paraná. Por aqui, os núcleos habitacionais nasciam em função do avanço da NOB, a estrada de ferro de Bauru a Itapura e, invertidamente, do Mato Grosso a Itapura.

Assim ocorreu em Araçatuba, nascida com um vagão-residência que ficou estacionado em uma pequena variante da Iinha-tronco. Em depoimento de um funcionário da N.O.B., Antenor Vasconcelos Barros, dirigido ao historiador Orentino Martins e assinado por Antenor, lemos o seguinte: No mesmo ano de 1.908 chegou à Estação da Noroeste um vagão que ficou estacionado e do lado do mesmo foi construído um quiosque, por um italiano chamado Fontana. E logo em seguida, o Dr. Joaquim Machado de Mello, empreiteiro da construção da Noroeste, mandou que se edificasse um pequeno hotel que ficou denominado "Hotel Noroeste", sendo arrendado ao Dr. Francisco Pecoraro e sua esposa D. Francisca.

Com estas atividades habitacionais do que seria a nossa cidade, já nos encontramos historicamente em 1.909 com o pequeníssimo núcleo de pessoas residentes no futuro patrimônio de Araçatuba.

Iniciadores deve ser o nome histórico dessas pessoas citadas por Antenor Vasconcelos Barros que estavam no lugar e no momento histórico e aconteceram de realizar o começo de Araçatuba; é evidente que fizeram-no sem terem planejado para tanto.

O depoimento de Antenor Barros, com sua assinatura, foi cedido por Orentino Martins para a coleção de documentos históricos que Odette Costa Bodstein (co-autora deste livro) colecionou durante toda sua vida e cujo acervo constitui o elemento material do substrato desta obra. É o depoimento de pessoa que estava presente a alguns acontecimentos do início histórico de Araçatuba. Dele nos valeremos muito neste capitulo.

No Livro de Orentino Martins (MARTINS, 1.988: 161), há uma fotografia de Penápolis de 1 915: no primeiro plano, há uma boa extensão de capim plantado, no meio da foto, há uma faixa de casas de alvenaria, onde se contam aproximadamente 46 residências, pelas dificuldades de se enumerar devido á distância das imagens e ao aglomerado das residências; ao fundo da foto, há outra faixa pequeníssima de plantações, provavelmente capim, mato cerrado e algumas árvores; da metade da foto até seu limite superior, é o céu com algumas nuvens.

No depoimento de Antenor Barros, lemos "...em 1.908, quando entrei neste sertão da Noroeste, de Bauru para cá só havia a povoação de Jacutinga, Presidente Alves com meia dúzia de casas. se tanto e Penápolis com umas 30 casas, tendo como principal figura dessa localidade o Cel. Manoel Bento da Cruz".

Comparando a foto de 1.915 de Penápolis com a afirmação de Barros sobre 1.908, temos que em Penápolis havia umas 30 casas em 1.908 a um limite de 60 em 1.915 Calculando os residentes penapolenses nessas duas datas por uma estimativa de um máximo de 10 pessoas por residência, teremos, em 1.908, um máximo de 300 habitantes; e, em 1.915, o dobro disso: 600 habitantes.

Por comparação e lembrando que Penápolis, nos primórdios desta região, sempre foi a cidade mais avançada em tudo, inclusive em população: era o centro da região (só a partir de meados de 1.930, Araçatuba inicia sua posição histórica de líder municipalista regional), podemos fazer uma idéia da população araçatubense em 1.909 e 1.910. Deveríamos ter nesses dois anos 150 habitantes.

O assentamento de pessoas e reduzidas famílias por aqui, nesse tempo, tinha a ver grandemente com as atividades de duas personalidades que não habitavam Araçatuba então. Um deles era o grande proprietário de terras Dr. Augusto Elisio de Castro Fonseca; o outro era o coronel Manuel Bento da Cruz. Além destes, o terceiro grande nome que alavancou o crescimento habitacional de Araçatuba em seus inícios foi o de Vicente Franco Ribeiro, que já vivia em Araçatuba nesses anos.

Para se entender o valor desses três iniciadores de nossa cidade, é importante atentar para alguns conceitos e para uma visão genérica de Araçatuba naquele tempo.

Um conceito que durou muito tempo e que teve grande importância é o de data e o outro é de patrimônio. Data era o nome de terreno, pequena extensão de terra em que é dividido o lugar para que cada pessoa possa ter sua propriedade legal e onde são construídas suas casas e lojas. Patrimônio era uma pequena povoação no interior do Brasil, era o que hoje se chama de lugarejo, vila, isto é, o nome do lugar antes de ele conseguir ser cidade, município.

As terras de toda a extensão Oeste do Estado de São Paulo, á margem esquerda do rio Tietê eram chamadas de terras devolutas, vale dizer que eram desocupadas (tecnicamente, o termo significa "adquirido por devolução", mas por aqui eram terras ocupadas pelos índios e que o governo do Brasil considerava de sua propriedade). Essas terras todas ficavam de propriedade de quem as conseguia legalmente - por doação - do governo e geralmente por poder político; por jogos jurídicos ou transferências de títulos de propriedade; pela posse por residir na terra por tempo determinado - usucapião; ou pela força: assassinato dos habitantes e entraves jurídicos através do usucapião. Tinha grande importância para a propriedade das terras a figura do grileiro, isto é, a pessoa que procura (ainda hoje) apropriar-se de terra alheia através de jogos jurídicos: falsas escrituras de propriedade, compra de títulos cartorários, produção de leis particularizantes em detrimento da coletividade ou de legítimos donos, falsificação de documentos etc.

Inicialmente, tudo girava em tomo da incipiente estação da NOB. Um dos primeiros habitantes do lugar foi Antenor Barros, o citado depoente histórico: Em princípios de 1.908, vim com meu irmão João Vasconcelos Barros e uma turma de operários trabalhar na construção da linha Noroeste do Brasil, como administrador da firma empreiteira Rodrigues & Cláudio. Comecei meus serviços na Estação de Anhangai, no lugar denominado "Canal do Inferno", no rio Tietê. Além do primeiro hotel, já citado como de propriedade (arrendamento) de Francisco e Francisca Pecoraro, temos testemunhas do Dr. Roberto Franco Atense, neto de Vicente Franco Ribeiro, sobre o primeiro armazém: Quando já instalada a estação, Vicente Franco abriu um armazém, o primeiro e o único na época, onde vendia, trazido de Bauru, gêneros que só se encontravam em cidades maiores como açúcar, sal. querosene, carne seca. farinha, fósforo, velas etc.

As terras daqui pertenciam ao tempo da chegada dos trilhos a Augusto Elisio de Castro Fonseca, que assinou com sua esposa, Maria Marques de Castro Fonseca, as escrituras da venda das glebas. Seu procurador para a venda das terras inicialmente foi Manuel B. Cruz. Este residia em Penápolis e colaborava com todos, dando guarida aos que compravam as primeiras propriedades.

Havia três grandes fazendas que abrangiam as comarcas de Araçatuba. Guararapes, Valparaíso e Andradina instaladas após 1.920: Baguaçu, Jangada e Aguapei. Esta última foi palco da tremendas lutas para que o patrimônio de Araçatuba chegasse a realidade.

A pequena povoação em si, em 1.909, foi se alastrando muito timidamente, centrada na precária estação ferroviária, com pouquíssimas famílias e habitada principalmente por operános da NOB, por representantes raros dos vendedores de terras, por donos dos primeiros estabelecimentos comerciais, por pessoas ligadas aos trabalhos de contatos com os indios, por medidores de terras, e por rarissimos indios que se aculturavam.

Em 02/12/1.910, a Câmara legislativa do Estado de São Paulo aprovou o projeto de lei n° 47. que criava o município de Penápolis, mas em 15/09/1.913 aprovou o parecer nº.38, que contestava o tamanho das terras aprovado para Penápolis; nesse parecer, lemos o seguinte: Considerando por outro lado que o evoluir progressivo e constante de toda a região cortada pela estrada de ferro Noroeste não tem tido soluções de continuidade..." E, em 01/12/1,913, a mesma Assembléia Legislativa de São Paulo aprovava um substitutivo ao projeto nº. 47, em que consta A lavoura de café tem tido incremento, desenvolvendo-se de um modo espantoso por toda a margem dessa estrada de ferro. Aquela cultura acha-se distribuída por muitíssimas fazendas, contando-se por milhões os pés de café que ali brotam do solo. como que por encanto.

Vê-se a incoerência: em setembro de 1.913, a região agricola que incluía Araçatuba "não tem tido solução de continuidade" e em dezembro do mesmo ano a cultura cafeeira se desenvolve de "modo espantoso" Esse desenvolvimento que se alternava ao sabor dos desejos políticos estava sendo construído com as vendas de terras em 1.909 e 1.910 e que fariam os milhões de pés de cafeeiros três anos depois.

Em 1.904, foi criada a comarca de São José do Rio Preto, la foram inscritas as primeiras divisões de terras desta região Em 1.910, com a criação da comarca de Bauru, foram feitas lá as divisões da fazenda Goaporanga, e da fazenda Aguapei poucos anos depois. A comarca de Araçatuba, criada em 1.922, recebeu então, todos os autos da divisão jurídica e a indicação das propriedades da fazenda Aguapei Mas foi só em 1.927 que tais divisões foram reconhecidas, após muitas lutas e mortes, como se verá.

O panorama que se pode traçar de Araçatuba nos anos imediatamente seguintes ao estabelecimento da estação da NOB é o de um patrimônio com aproximadamente 500 habitantes, em casas de madeira sobre datas formando a primeira rua do lugarejo, logo após a estação ferroviária, no que hoje é a rua dos Fundadores.

Poucos animais de tração deveria haver Surgiam as primeiras plantações de legumes, frutas e verduras nos fundos das casas, ailuminação era a vela e muito raramente com querosene; usavam roupas grossas, apesar do calor e das chuvas; havia trabalho e nenhum lazer para as pessoas que labutavam na ferrovia. Vicente Franco com seu armazém e Francisco Pecoraro com seu hotel recebiam os muito raros representantes dos proprietários de terras e dos vendedores de terras, como por exemplo, Jacob Floriano. Corriam como rastilho de pólvora as notícias das grilagens de terras, como assunto emocionante para as noites de escuridão e silêncio, só quebrado por barulho das matas, por gritos em meio ao fugaz amor dos solitários habitantes.

A derrubada da selva prosseguia, agora em outras direções que não só a dos trilhos. Ai é que se encontravam índios com o choque cultural resultando em estranheza, medo, poucas boas surpresas de amizades, e, contrariamente, mortes ou ferimentos: poucos brancos morreram, mas quantos índios?

As doenças infestavam o lugar Em Orentino Martins, encontramos o seguinte Além dos índios e das feras, os primeiros povoadores desta região defrontavam-se com inúmeras doenças, muitas das gravíssimas para a época. A malária era o flagelo; a leishmaniose cutânea, conhecida por 'úlcera de Bauru' ou ferida brava', de origem egípcia, também chamada botão do Oriente', fazia muitas vitimas. E havia a febre tifóide, a gastro-entérica, a hepatite, a 'doença de Chagas', o tétano etc. A apendicite, conhecida como 'nó nas tripas", era fatal. Para desatar o 'nó', davam aos doentes, por via oral, bagos de chumbo, o que apressava o desenlace. Abundavam também os pernilongos, transmissores da maleita, os 'borrachudos', e o barbeiro" (MARTINS, 1.988: 83).

Pode-se imaginar, nesse panorama mais sombria do que corriqueiro, o quanto de alegria deveria haver com a chegada da locomotiva, trazendo pessoas, trabalhadores, bens transportados e prenúncios de novas perspectivas.

As famílias que aqui se instalaram em 1.909 e 1.910, em pequeníssimo número, nunca eram de situação social melhor Estas, quando os maridos precisavam vir a Araçatuba, mantinham as esposas e filhas e filhos menores hospedados nas casas de melhor porte de Penápolis; por exemplo, dependendo do visitante, na residência do Coronel Bento da Cruz.

Em 1.910, os agrimensores Cristiano Olsen e Adolpho Hecht fizeram a demarcação de traçado que determinaria as ruas da Vila de Penápolis; entre as dezoito ou dezenove ruas previstas, constava a rua Araçatuba. É o reconhecimento histórico do patrimônio vizinho que começara a nascer, com a estação da NOB, em fins de 1.908 Essa Rua Araçatuba, hoje, é a rua central de Penápolis chamada Siqueira Campos.

Na época, eram travadas muitas e renhidas batalhas jurídicas pela posse das enormes fazendas, como a Aguapei, retalhadas pelos interessados através da grilagens, usucapião, invasões e outros meios ilícitos tornados "lícitos" por meio de politicagens, compra de autoridades, trocas de favores entre grandes famílias, ou casamento de interesse. Houve muitos acontecimentos criminosos, às vezes seguidos de mortes, entre os que se julgavam proprietários de glebas e que recebiam a visita de oficiais de justiça com documentos desdizendo a propriedade que tinham como pacifica. Muitas vezes a justiça fez-se acompanhar de força policial em diligências para fazer cumprir os mandatos. Fora da letra fria dos documentos de cartório que consultamos, vêm-nos à lembrança as belas páginas do romance Terra no Sangue, de autoria de Maurício do Valle Aguiar (membro da Academia Araçatubense de Letras); ali estão algumas narrativas literárias de lutas pela terra, semelhantes às que se deram aqui, na região araçatubense, só que, infelizmente, estas foram verdadeiras.

Como indicamos antes, três nomes despontam nesse começo histórico de Araçatuba: Vicente Franco Ribeiro, Manuel Bento da Cruz e Augusto Elísio de Castro Fonseca.

Vicente Franco Ribeiro nasceu em 1.863 e faleceu em 1.948. Era filho de tradicional família de pecuaristas de Montes Claros, no Estado de Minas Gerais. De seu neto, Dr. Roberto Franco Atense recebemos uma série de informações biográficas de seu famoso avô.

Vicente teve uma desilusão amorosa em Minas, vendeu suas propriedades em Montes Claros e veio para nossa região. Chefiou uma turma da NOB no assentamento de trilhos bem no trecho que chegava a futura estação de Araçatuba.

Abrindo matas, os ferroviários deixaram açúcar, rumo e outras mercadorias para abrandar os índios Caingangues. O próprio comboio que ia acompanhando os trilhos, formado por gôndolas, levava armamentos, ferramentas, alimentação e barracas para serem montadas nas clareiras de mato que iam abrindo, durante a permanência no trecho a ser desbravado.

Depois de estabelecido o vagão fixo que passou a ser a estação, Vicente construiu o armazém já referido. Também trabalhou como vendedor de terras que se desmembravam das grandes fazendas da propriedade de Eliseo Fonseca; Vicente Franco funcionou como representante do grande proprietário e certamente esteve dentro dos acontecimentos terríveis que esboçamos sobre as lutas jurídicas pela posse da terra.

Vicente comprou várias propriedades; uma de suas fazendas ficava em Engenheiro Taveira, o progressista distrito de Araçatuba.

Casou-se com Georgina Morais com quem teve sete filhos: Sebastião, Maria Júlia, João, Adelaide, Vicente Filho, Antônio e Benedito.

Há uma rua com seu nome, em justa homenagem a esse iniciador e desbravador do nosso município. Também há a Rua dos Fundadores, que incluiu homenagem implícita ao iniciador de Araçatuba; ela fica exatamente na parte onde começou a primeira aglomeração de casas, do lado de baixo da linha ferroviária, paralela a essa antiga linha NOB, no coração da cidade.
Em Engenheiro Taveira. ele ergueu a pequena igreja católica de Potiguaras. Seus filhos dispersaram-se, alguns indo para a capital paulista; entre eles, foi Adelaide, casada com Manoel Atense e mãe do advogado Dr Roberto que nos prestou estas informações.

Uma das citações que Fabriciano Juncal faz sobre Vicente Franco refere-se ao trabalho deste iniciador de Araçatuba: Projetado pelo engenheiro alemão Gustavo Stamp, de propriedade do Dr. Eliseo de Castro Fonseca, e cortado por Antenor de Vasconcelos, em 1.912, o patrimônio foi derrubado, administrado e vendido por Vicente Ribeiro Franco. (JUNCAL, 1.974: 13)

Outro iniciador de Araçatuba foi o Coronel Manuel Bento da Cruz, apesar de não haver documentos sobre sua presença no então patrimônio araçatubense. Foi iniciador de nossa cidade porque exerceu intensa atividade de procurador jurídico de Elísio Fonseca e, nessa lide, foi fautor legal das propriedades agrícolas que seriam nosso patrimônio, e porque fez construir uma estrada de rodagem, sem a intenção de uma rodovia, de Araçatuba ás proximidades do Mato Grosso, mas que serviu para o transporte, a pé, a cavalo, do que viria a ser o maior bem econômico deste município: a boiada.

Segundo Orentino Martins, Bento da Cruz tinha o corpo esguio e 1 metro e 65 centímetro de altura. Trajava -se com esmero e, nas reuniões importantes e festas de gala, envergava 'smoking', fraque e até casaca e cartola. Apreciava cigarros de palha, mandando-os confeccionar, com suas iniciais, na Charutaria Selecta, em São Paulo. Tinha particular predileção pelo tiro ao alvo, manuseava com habilidade toda sorte de armas manuais e desfrutava de invejável pontaria, deixando seus competidores em segundo plano. Promovia movimentadas caçadas nos sertões da Noroeste e no Estado de Mato Grosso, cercado de amigos, correligionários, políticos de expressão e altas autoridades do país (MARTINS, I.988: 31 e32).

Era orador eloqüente, conhecia inglês, francês, italiano e espanhol.Colaborou com vários jornais do país, como "O Comércio" e "O Estado de S.Paulo". Junto com Augusto Elísio Fonseca, doou dez alqueires de terras da Fazenda Baguaçu; onde surgiu o patrimônio de Araçatuba. Depois, ajudou na criação da escola do patrimônio. Lutou junto às autoridades de São Paulo e do Mato Grosso para abrir a estrada boiadeira de Araçatuba a Três este ato que vai por todos assinado. Em tempo - ressalvo, filha legitima de Manoel Bento da Cruz  e Ana Leonor do Amaral Cruz. Eu, Tertuliano Figueira, oficial do Registro Civil, a escrevi. Assinaturas: Joaquim Soares de Oliveira, Manoel Antônio Monteiro, Iracema do Amaral Cruz e as testemunhas: Manoel Gonçalves Foz, natural de Portugal, residente em (ilegível) deste Estado: Álvaro Augusto Monteiro, 27 anos, casado, lavrador, natural deste Estado e residente em Patrocínio do Sapucahy; João Evangelista (ilegível), Manoel Bento da Cruz, Antônio Pinto da Silva, Maria Serafina Monteiro, Leonor do Amaral Cruz, Maria das Dores Monteiro, Ismênia Aymbiré P. Silva, João José dos Prazeres, João Bento da Costa e Benevenuto Antônio Moreira".

Depois de casar-se por duas vezes e de ter vários filhos; de criar o município de Penápolis, ali residir por várias anos, tomando-se dele a figura política e social mais importante; depois de se tornar proprietário de trinta mil alqueires de terras nesta região, de trabalhar com perspicácia e denodo por Penàpolis, Birigüi e Araçatuba através das vendas de terras suas e do grande proprietário Elíseo da Fonseca: depois de participar, como advogado, das grandes e terríveis lutas jurídicas pelas posses de terras da Noroeste - Bento da Cruz deixou Penápolis em 1.922. Ainda trabalhou na justiça de São Joaquim da Barra Finalmente, foi morar em São Vicente, no litoral paulista, onde faleceu em 17/05/1.929.

Ele é o patrono da mais famosa escola pública de Araçatuba, o antigo Instituto de Educação, hoje E.E.P.S.G. Manuel Bento da Cruz Com seu nome também há uma rua do bairro Santana.
Texto extraído do livro:
HISTÓRIA DE ARAÇATUBA (Paginas 50 a 63)
Célio Pinheiro/Odete Costa

Um comentário:

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